Postagens

Dia da Consciência Negra e o Paisagismo

Imagem
Obra "Tide Tribute", obra de Hood Design Studio no jardim do International African American Museum. Cada figura representa uma pessoa escravizada que foi trazida para o Porto de Charleston nos EUA. Foto:  Peter Frank Edwards Se tem um feriado incompreendido, é o Dia da Consciência Negra. Isso porque agimos como se nossa sociedade não fosse profundamente desigual do ponto de vista racial. Mas basta um olhar atento para ver como espaços de poder (político, econômico, social, etc.) são majoritariamente ocupados por pessoas brancas, enquanto historicamente homens e mulheres negros são a maioria em posições subalternas. No paisagismo, as pessoas negras raramente estão nas salas de aula ou à frente das empresas. Como empresários, têm menos chances de serem contratados que seus colegas brancos. Como professores, acontece de serem desrespeitados. As profissionais negras sofrem duplamente, com o machismo e o racismo.  Por outro lado, os negros representam parcela significativa da mão-

Margaret Mee

Imagem
Margaret Mee (autor desconhecido) A ilustração botânica é uma forma de arte que combina ciência e estética para representar, de maneira detalhada e precisa, espécies vegetais e suas partes: folhas, flores, frutos, sementes, etc. Geralmente feita com aquarela, guache e nanquim, mais que apenas uma forma de arte, serve também à pesquisa científica e ilustra livros de botânica e publicações científicas. Um dos nomes mais importantes da ilustração botânica é  Margaret Mee , artista britânica nascida em 1908, que se mudou para o Brasil em 1952 e produziu um vasto e impressionante registro da fauna brasileira, especialmente de espécies da floresta amazônica. Mee dedicou 30 anos de sua vida viajando pelo Rio Amazonas e seus afluentes, às vezes somente ela e um barqueiro local, em busca de plantas brasileiras raras, especialmente orquídeas e bromélias, muitas das quais nunca haviam sido registradas. Em suas expedições, aprendeu a conviver com a floresta, sua fauna, flora e povos originários, c

Primavera na América do Sul

Imagem
(Sandro Botticelli, domínio público, via Wikimedia Commons) Domingo, 22 de setembro, às 09:43 h, começa a primavera neste nosso lado do planeta Terra.  O equinócio de primavera (assim como o do outono) é o momento em que o sol se posiciona diretamente sobre a Linha do Equador, fazendo com que os dias e as noites tenham a mesma duração. A primavera representa um novo ciclo de fertilidade, com aumento das temperaturas, alterações no regime de chuvas e a floração de inúmeras espécies vegetais. Para muitos animais, a primavera também é uma época de acasalamento. (Cecilia Santos - Arquivo pessoal - Proibida a reprodução) A transição do inverno para a primavera afeta as pessoas de diferentes formas, especialmente em locais onde as estações são bem marcadas. A maior exposição à luz solar estimula a produção de serotonina, um neurotransmissor que melhora o humor.  Então, no mundo todo há diferentes tradições e celebrações relacionadas à primavera, e também na América do Sul os países têm seus

Roberto Burle Marx

Imagem
Roberto Burle Marx Hoje, 4 de agosto, é aniversário de nascimento do grande mestre do paisagismo Roberto Burle Marx. Nascido em São Paulo e criado no Rio de Janeiro, aos 19 anos Burle Marx foi morar em Berlim, onde estudou desenho e pintura. Lá, ao visitar o Botanischer Garten , foi surpreendido por uma coleção de plantas brasileiras cultivadas em estufa. De volta ao Brasil, iniciou uma parceria com o arquiteto Lúcio Costa, e mais tarde tornou-se diretor de Parques e Jardins em Recife, cidade em que deixou um legado fundamental, e onde diversas obras projetadas por ele receberam o título de patrimônio histórico e ambiental. Praça de Casa Forte, Recife/PE Fonte: Marina Barbosa/G1   A experiência em Recife consolidou seu talento como gênio do paisagismo. Inspirado pelo movimento modernista, Burle Marx inovou na criação de parques e jardins de inspiração tropical, utilizando formas geométricas arrojadas, uso vibrante de cores e uma integração harmoniosa com a natureza. Burle Marx produziu

CASACOR 2024

Imagem
©  Cecilia Santos - Arquivo pessoal -  Proibida a reprodução Nós paisagistas enfrentamos um dilema: queremos entregar inovação e diversidade em nossos projetos, mas nos deparamos com algumas barreiras: desde a dificuldade de encontrar fornecedores que tenham espécies menos óbvias, até o medo de sair da zona de conforto e utilizar plantas com as quais temos pouca ou nenhuma experiência prévia. Com isso, os jardins parecem todos tediosamente parecidos e alternam talvez entre menos de duas dezenas de espécies diferentes entre aquelas produzidas pelos viveiros, a maioria das quais são exóticas. Esse cenário deveria ser diferente na Casacor 2024 mas não é. Marantas-charuto, colocásias, jasmins-manga e guaimbês estão presentes em quase todos os projetos. A paisagem tropical domina todos os ambientes onde há vegetação, sem gerar impacto ou surpresa. Em vários deles, as plantas parecem estar ali apenas como meros objetos de decoração e não como elementos capazes de realmente gerar sensação de

Os jardins de Versalhes

Imagem
Jardins do Palácio de Versalhes - Orangerie Fonte:  Gzen92, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons O jardim formal francês surgiu como uma evolução dos jardins renascentistas italianos durante os séculos XVII e XVIII e sua maior referência são os jardins do Palácio de Versalhes, o castelo mais visitado do mundo, instalado em uma área com mais de 800 hectares.  Rei Luís XIV de França Construído por ordem do rei Luís XIV, o “Rei Sol”, Versalhes foi concebido para demonstrar “a medida exata da gigantesca dimensão do governo humano sobre a natureza”, mas também para servir ao deleite e aos prazeres dos nobres.  André Le Nôtre A criação dos Jardins de Versalhes ficou a cargo do paisagista André Le Nôtre, e os trabalhos levaram algumas décadas para serem concluídos. Oriundo de uma família de jardineiros, Le Nôtre estudou pintura e escultura e desenvolveu excelentes conhecimentos teóricos e práticos de perspectiva, que foram aplicados com maestria na concepção de suas obras de paisagismo.  Antes

Calçadas: problemas e soluções

Imagem
©  Cecilia Santos - Arquivo pessoal -  Proibida a reprodução Tenho prestado atenção ao paisagismo nas calçadas de São Paulo e levantado algumas questões sobre projetos, escolhas de espécies e como esses espaços afetam a vida de quem circula pelas calçadas. As áreas ajardinadas nas calçadas têm valor não só estético, mas também ajudam a melhorar a saúde ambiental e desempenham um papel fundamental na drenagem da água da chuva, aliadas à arborização urbana. A questão é como os canteiros nas calçadas são planejados (ou não) e implantados. O Manual Técnico de Arborização Urbana de São Paulo explica que toda calçada deve ter uma largura mínima de 1,20m para a circulação de pedestres, e a área para plantio de árvores e canteiros deve ter pelo menos 70 cm. Ou seja, para o plantio de uma árvore, a calçada deve ter pelo menos 1,90m de largura. Figura 08. Largura da calçada para arborização Fonte: Manual Técnico de Arborização Urbana - Prefeitura de São Paulo O manual ainda determina as es