Dia da Consciência Negra e o Paisagismo

Obra "Tide Tribute", obra de Hood Design Studio no jardim do International African American Museum. Cada figura representa uma pessoa escravizada que foi trazida para o Porto de Charleston nos EUA. Foto: Peter Frank Edwards


Se tem um feriado incompreendido, é o Dia da Consciência Negra. Isso porque agimos como se nossa sociedade não fosse profundamente desigual do ponto de vista racial.

Mas basta um olhar atento para ver como espaços de poder (político, econômico, social, etc.) são majoritariamente ocupados por pessoas brancas, enquanto historicamente homens e mulheres negros são a maioria em posições subalternas.

No paisagismo, as pessoas negras raramente estão nas salas de aula ou à frente das empresas. Como empresários, têm menos chances de serem contratados que seus colegas brancos. Como professores, acontece de serem desrespeitados. As profissionais negras sofrem duplamente, com o machismo e o racismo. 



Por outro lado, os negros representam parcela significativa da mão-de-obra como jardineiros. E nessa função, frequentemente enfrentam racismo por parte de gestores e clientes, além de receberem baixos salários e jornadas extenuantes. 

Além disso, há pouquíssimas referências de profissionais e teóricos negros na área de paisagismo, quase que somente de fontes norte-americanas. Um nome importante é o de Walter Hood, arquiteto, educador e diretor do Hood Design Studio em Oakland, Califórnia. Hood é autor, entre outras obras, do livro "Black Landscapes Matter". 

Pensando nessa questão, a docente do Senac-SP e mestranda da FAU/USP Tainã Dorea desenvolve um projeto chamado Arquilombo, que objetiva dar visibilidade a profissionais negros na área de Arquitetura da Paisagem e Paisagismo, por meio de um mapeamento destinado a fortalecer a presença negra nessa área.
Estes são alguns dos perfis de paisagistas negros que constam do mapeamento realizado por ela. Vale muito a pena conhecer e apoiar o trabalho desses profissionais e continuar a expandir essa rede para incluir paisagistas de todo o Brasil.
Por fim, mas não menos importante, o perfil e o recém-criado Substack do meu amigo Wander Francisco. Em seu primeiro texto, ele fala da dor do racismo que nós, pessoas brancas, somos incapazes de mensurar, mas podemos ser aliados antirracistas nesta luta.




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Calçadas: problemas e soluções

Margaret Mee