Roberto Burle Marx

Roberto Burle Marx

Hoje, 4 de agosto, é aniversário de nascimento do grande mestre do paisagismo Roberto Burle Marx.

Nascido em São Paulo e criado no Rio de Janeiro, aos 19 anos Burle Marx foi morar em Berlim, onde estudou desenho e pintura. Lá, ao visitar o Botanischer Garten, foi surpreendido por uma coleção de plantas brasileiras cultivadas em estufa.

De volta ao Brasil, iniciou uma parceria com o arquiteto Lúcio Costa, e mais tarde tornou-se diretor de Parques e Jardins em Recife, cidade em que deixou um legado fundamental, e onde diversas obras projetadas por ele receberam o título de patrimônio histórico e ambiental.

Praça de Casa Forte, Recife/PE
Fonte: Marina Barbosa/G1
 
A experiência em Recife consolidou seu talento como gênio do paisagismo. Inspirado pelo movimento modernista, Burle Marx inovou na criação de parques e jardins de inspiração tropical, utilizando formas geométricas arrojadas, uso vibrante de cores e uma integração harmoniosa com a natureza.

Burle Marx produziu mais de 2.000 projetos paisagísticos, entre os quais:
  • Pampulha em Belo Horizonte
  • Parque Ibirapuera em São Paulo
  • Largo do Machado, Museu de Arte Moderna, Praia de Botafogo e Aterro do Flamengo no Rio de Janeiro
  • Eixo monumental de Brasília e Palácio do Jaburu
Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro/RJ
Fonte: Vitorhugobr, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

Palácio do Jaburu, Brasília/DF
Fonte: Michel Temer, CC BY 2.0, via Wikimedia Commons

Além da arquitetura e paisagismo, Burle Marx também foi pintor, litógrafo, escultor, mosaicista, tapeceiro, ceramista e designer de joias. 

Mosaico de Roberto Burle Marx - Acervo Artístico do Palácio do Planalto, Brasília/DF
Fonte: José Cruz/Agência Brasil, CC BY 3.0 BR, via Wikimedia Commons

Foi ele quem criou o padrão do calçadão de Copacabana, símbolo da cidade carioca, ou melhor, recriou o desenho original realizado por calceteiros portugueses. 

Calçadão de Copacabana, Rio de Janeiro/RJ
Fonte: Donatas Dabravolskas, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

Outro exemplo de suas obras em mosaico é o jardim criado para a cobertura da sede do Banco Safra em São Paulo.


Cobertura da sede do Banco Safra, São Paulo/SP
Fonte: ArchDaily

Seu talento artístico e sua afinidade com a arte abstrata, o concretismo e o construtivismo o levavam a desenhar plantas baixas como se fossem telas abstratas, representando a vegetação por meio de grandes manchas cromáticas e formas sinuosas, verdadeiras obras de arte.

Projeto de Burle Marx para um jardim no terraço, no Ministério da Educação e Saúde (1938).
Imagem © Burle Marx & Cia. Ltda., Rio de Janeiro. Reprodução permitida. Todos os direitos reservados


Conforme avançava em sua trajetória no paisagismo, Burle Marx passou também a fazer expedições botânicas por todo o Brasil, acompanhado de botânicos, paisagistas e fotógrafos.

Em seu sítio em Guaratiba, RJ, cultivava as plantas que encontrava pelo caminho, chegando a reunir mais de 3.500 espécies. Era onde realizava seus experimentos, que depois seriam aplicados a seus projetos, fazendo combinações de espécies baseado em suas observações da forma como elas se associavam em seus habitats naturais.

Sítio de Burle Marx em Guaratiba/RJ
Fonte: Halley Pacheco de Oliveira, CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons

Foi graças às expedições de Burle Marx que muitas espécies nativas foram não só descobertas e catalogadas, mas entraram para o repertório de plantas que passaram a ser amplamente utilizadas no paisagismo tropical, como bromélias, helicônias e marantas, e ajudaram a expandir o entendimento da biodiversidade brasileira.

Folhagens coloridas
Fonte: Ana Paula Modesto, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

O legado de Burle Marx para o paisagismo e as artes é incalculável. Seu trabalho revolucionou a forma como pensamos e projetamos os espaços verdes. Que sua genialidade siga nos inspirando como profissionais.


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