Os jardins de Versalhes

Jardins do Palácio de Versalhes - Orangerie
Fonte: Gzen92, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

O jardim formal francês surgiu como uma evolução dos jardins renascentistas italianos durante os séculos XVII e XVIII e sua maior referência são os jardins do Palácio de Versalhes, o castelo mais visitado do mundo, instalado em uma área com mais de 800 hectares. 

Rei Luís XIV de França

Construído por ordem do rei Luís XIV, o “Rei Sol”, Versalhes foi concebido para demonstrar “a medida exata da gigantesca dimensão do governo humano sobre a natureza”, mas também para servir ao deleite e aos prazeres dos nobres. 

André Le Nôtre

A criação dos Jardins de Versalhes ficou a cargo do paisagista André Le Nôtre, e os trabalhos levaram algumas décadas para serem concluídos. Oriundo de uma família de jardineiros, Le Nôtre estudou pintura e escultura e desenvolveu excelentes conhecimentos teóricos e práticos de perspectiva, que foram aplicados com maestria na concepção de suas obras de paisagismo. 

Antes dos Jardins de Versalhes, Le Nôtre criou uma de suas obras-primas: os jardins do palácio Vaux-Le-Vicomte para o ministro das Finanças Nicholas Fouquet. Os jardins foram inaugurados em uma festa em homenagem ao Rei Luís XIV, que se sentiu despeitado e mandou prender Fouquet sob alegação de desvio de recursos públicos, mas provavelmente porque sua propriedade era mais luxuosa que a do rei. Fouquet morreu na prisão sem poder desfrutar de seu castelo. 

Palácio Vaus-Le-Vicomte
Fonte: Jebulon, CC0, via Wikimedia Commons

Os jardins franceses são caracterizados por canteiros geométricos que formam arabescos perfeitamente simétricos semelhantes a bordados, os parterres en broderie, entremeados por arranjos florais formais. Há ainda pomares e arvoretas moldadas em topiaria. 

Fontes e estátuas são elementos essenciais nos jardins franceses. Em Versalhes há dezenas de estátuas de deuses da mitologia, com destaque para Apolo, o deus grego do sol – símbolo do reinado de Luís XIV. 

Jardins do Palácio de Versalhes
Fonte: Paolo Costa Baldi, CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons

No centro dos Jardins de Versalhes está o Grande Canal, em formato de cruz, que mede 1,6 km em seu eixo central e pelo qual o Rei Luís XIV costumava navegar. Graças aos conhecimentos de perspectiva de Le Nôtre, ele oferece uma harmonia visual perfeita.  

Versalhes sobreviveu a revoluções, mudanças de regimes e duas guerras mundiais. Em 1999 uma tempestade derrubou mais de 10 mil árvores, e os jardins sofreram modificações e revitalizações ao longo dos séculos, mas seguem encantando visitantes do mundo todo. 

Em 1998, quando eu nem sonhava que um dia seria paisagista, visitei o Castelo de Versalhes. A foto é antiga e mal dá pra ver que sou eu sentada ali na beira da fonte.

© Cecilia Santos - Arquivo pessoal - Proibida a reprodução

Dois filmes sobre Versalhes 

O filme "Maria Antonieta", escrito e dirigido por Sofia Coppola e estrelado por Kirsten Dunst, retrata o choque vivido pela jovem rainha ao chegar à corte francesa para se casar com o rei Luís XVI. Com imagens luxuosas e ao som de canções contemporâneas de bandas como The Cure e Strokes, o filme mostra Maria Antonieta vivendo em um universo à parte na corte das intrigas e normas absurdas. Parte das filmagens foi feita no próprio palácio de Versalhes. 

Cartaz do filme "Maria Antonieta" (Título original: "Marie Antoinette")
Fonte: Divulgação/Columbia Pictures 

Já "Um Pouco de Caos", dirigido por Alan Rickman, que também interpreta o Rei Luís XIV, apresenta André Le Nôtre, o paisagista contratado para criar os jardins do palácio de Versalhes. No filme, Sabine de Barra, vivida por Kate Winslet, é uma paisagista com concepções menos formais de paisagismo que acaba sendo contratada como assistente de Le Nôtre. Sabine é uma personagem ficcional, retratada em uma época em que as mulheres não teriam a menor chance de exibir seus talentos profissionais. 

Cartaz do filme "Um Pouco de Caos" (Título original: "A Little Chaos")
Fonte: Divulgação/BBC Films

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